há um gato no telhado

Música clássica ou música moderna interpretada com instrumentos clássicos. Um intervalo de possibilidades demasiado grande. Tão grande que cabem lá géneros musicais que vão desde o jazz ao reggae passando, claro, pela electrónica e pelas percussões tribais (embora uns quantos fiquem naturalmente de fora, a bem das minhas orelhas felinas).

Sou gato que gosta de música. Gosto. Não se leia, portanto, que percebe de música. Nem os nomes ficam na memória de peixe nem as notas se colaram às unhas, nas várias tentativas de aprender a tocar. Mas que interessa saber o nome se são os sons que num momento certeiro nos levam de viagem.

Algures o anúncio da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana não me arrebitou as orelhas. Confesso até um torcer de nariz pela conotação política da polícia militar. Ignorância minha. Muita. Porque ainda que de nariz meio-torcido cedi à sugestão de um amigo que ia fotografar o evento e.. Surpresa. Das boas!

A Banda Sinfónica (preferia chamar-lhe orquestra mas gato ignorante não deve subvalorizar a especificidade dos vocábulos humanos) estava tão afinada que nalguns momentos custava a crer que o som estivesse a ser produzido por tantos instrumentos. Outras vezes, o incrível era este ser oriundo de tão poucos.

Uma família muito bem vestida e com ares de grande importância parecia estar a apanhar uma valente seca, embora se escutassem comentários técnicos totalmente desnecessários com os quais parecia deslumbrar a mãe e aborrecer os filhos. Quando a Sagração chega ao ribombar dos tambores a conversa muda de figura: Este Stravinsky é demasiado maluco. E saem antes da melhor parte.

Se não conhecem, ouçam. É desconcertantemente bom. O vídeo é curto. Curtam-no. Mas ao vivo tem a componente física da vibração do som que nos entra no corpo pelos pés... E foi assim que encontrei o lado bom da GNR :-)